Skip to content

Perfil do Aplicativo

O Perfil do Aplicativo é um mecanismo fornecido pelo KernelSU para personalizar a configuração de vários apps.

Para apps com privilégios root (ou seja, capazes de usar su), o Perfil do Aplicativo também pode ser chamado de Perfil root. Ele permite a customização das regras uid, gid, grupos, capacidades e SELinux do comando su, restringindo assim os privilégios do usuário root. Por exemplo, ele pode conceder permissões de rede apenas para apps de firewall enquanto nega permissões de acesso a arquivos, ou pode conceder permissões de shell em vez de acesso root completo para apps congelados: mantendo o poder confinado com o princípio do menor privilégio.

Para apps comuns sem privilégios root, o Perfil do Aplicativo pode controlar o comportamento do kernel e do sistema de módulos em relação a esses apps. Por exemplo, pode determinar se as modificações resultantes dos módulos devem ser abordadas. O kernel e o sistema de módulos podem tomar decisões com base nesta configuração, como realizar operações semelhantes a "ocultar".

Perfil root

UID, GID e Grupos

Os sistemas Linux possuem dois conceitos: usuários e grupos. Cada usuário possui um ID de usuário (UID) e um usuário pode pertencer a vários grupos, cada um com seu próprio ID de grupo (GID). Esses IDs são usados ​​para identificar usuários no sistema e determinar quais recursos do sistema eles podem acessar.

Os usuários com UID 0 são conhecidos como usuários root e os grupos com GID 0 são conhecidos como grupos root. O grupo de usuários root normalmente possui os privilégios de sistema mais altos.

No caso do sistema Android, cada app é um usuário separado (excluindo cenários de UID compartilhados) com um UID exclusivo. Por exemplo, 0 representa o usuário root, 1000 representa system, 2000 representa o ADB shell e UIDs variando de 10000 a 19999 representam apps comuns.

INFORMAÇÕES

Aqui, o UID mencionado não é o mesmo que o conceito de múltiplos usuários ou perfis de trabalho no sistema Android. Os perfis de trabalho são, na verdade, implementados particionando o intervalo UID. Por exemplo, 10000-19999 representa o usuário principal, enquanto 110000-119999 representa um perfil de trabalho. Cada app comum entre eles possui seu próprio UID exclusivo.

Cada app pode ter vários grupos, com o GID representando o grupo principal, que geralmente corresponde ao UID. Outros grupos são conhecidos como grupos suplementares. Certas permissões são controladas por meio de grupos, como permissões de acesso à rede ou acesso Bluetooth.

Por exemplo, se executarmos o comando id no ADB shell, a saída pode ser semelhante a esta:

sh
oriole:/ $ id
uid=2000(shell) gid=2000(shell) groups=2000(shell),1004(input),1007(log),1011(adb),1015(sdcard_rw),1028(sdcard_r),1078(ext_data_rw),1079(ext_obb_rw),3001(net_bt_admin),3002(net_bt),3003(inet),3006(net_bw_stats),3009(readproc),3011(uhid),3012(readtracefs) context=u:r:shell:s0

Aqui, o UID é 2000 e o GID (ID do grupo primário) também é 2000. Além disso, pertence a vários grupos suplementares, como inet (indicando a capacidade de criar soquetes AF_INET e AF_INET6) e sdcard_rw (indicando permissões de leitura/gravação para o cartão SD).

O Perfil root do KernelSU permite a personalização do UID, GID e grupos para o processo root após a execução de su. Por exemplo, o Perfil root de um app root pode definir seu UID como 2000, que significa que ao usar su, as permissões reais do app estão no nível do ADB shell. O grupo inet pode ser removido, evitando que o comando su acesse a rede.

OBSERVAÇÃO

O Perfil do Aplicativo controla apenas as permissões do processo root após usar su, e ele não controla as permissões do próprio app. Se um app solicitou permissão de acesso à rede, ele ainda poderá acessar a rede mesmo sem usar su. Remover o grupo inet de su apenas impede que su acesse a rede.

O Perfil root é aplicado no kernel e não depende do comportamento voluntário de apps root, ao contrário da troca de usuários ou grupos por meio de su. A concessão da permissão su depende inteiramente do usuário e não do desenvolvedor.

Capacidades

As capacidades são um mecanismo para separação de privilégios no Linux.

Para realizar verificações de permissão, as implementações tradicionais do UNIX distinguem duas categorias de processos: processos privilegiados (cujo ID de usuário efetivo é 0, referido como superusuário ou root) e processos sem privilégios (cujo UID efetivo é diferente de zero). Os processos privilegiados ignoram todas as verificações de permissão do kernel, enquanto os processos não privilegiados estão sujeitos à verificação completa de permissão com base nas credenciais do processo (geralmente: UID efetivo, GID efetivo e lista de grupos suplementares).

A partir do Linux 2.2, o Linux divide os privilégios tradicionalmente associados ao superusuário em unidades distintas, conhecidas como capacidades, que podem ser ativadas e desativadas de forma independente.

Cada capacidade representa um ou mais privilégios. Por exemplo, CAP_DAC_READ_SEARCH representa a capacidade de ignorar verificações de permissão para leitura de arquivos, bem como permissões de leitura e execução de diretório. Se um usuário com um UID efetivo 0 (usuário root) não tiver recursos CAP_DAC_READ_SEARCH ou superiores, isso significa que mesmo sendo root, ele não pode ler arquivos à vontade.

O Perfil root do KernelSU permite a personalização das capacidades do processo root após a execução de su, conseguindo assim conceder parcialmente "privilégios root". Ao contrário do UID e GID mencionados acima, certos apps root exigem um UID de 0 após usar su. Nesses casos, limitar as capacidades deste usuário root com UID 0 pode restringir suas operações permitidas.

FORTE RECOMENDAÇÃO

A documentação oficial da capacidade do Linux fornece explicações detalhadas das habilidades representadas por cada capacidade. Se você pretende customizar as capacidade, é altamente recomendável que você leia este documento primeiro.

SELinux

SELinux é um poderoso mecanismo do Controle de Acesso Obrigatório (MAC). Ele opera com base no princípio de negação padrão. Qualquer ação não explicitamente permitida é negada.

O SELinux pode ser executado em dois modos globais:

  1. Modo permissivo: Os eventos de negação são registrados, mas não aplicados.
  2. Modo de aplicação: Os eventos de negação são registrados e aplicados.

AVISO

Os sistemas Android modernos dependem fortemente do SELinux para garantir a segurança geral do sistema. É altamente recomendável não usar nenhum sistema personalizado executado em "Modo permissivo", pois não oferece vantagens significativas em relação a um sistema completamente aberto.

Explicar o conceito completo do SELinux é complexo e está além do objetivo deste documento. Recomenda-se primeiro entender seu funcionamento através dos seguintes recursos:

  1. Wikipédia
  2. Red Hat: O que é SELinux?
  3. ArchLinux: SELinux

O Perfil root do KernelSU permite a personalização do contexto SELinux do processo root após a execução de su. Regras específicas de controle de acesso podem ser definidas para este contexto para permitir um controle refinado sobre os privilégios root.

Em cenários típicos, quando um app executa su, ele alterna o processo para um domínio SELinux com acesso irrestrito, como u:r:su:s0. Através do Perfil root, este domínio pode ser mudado para um domínio personalizado, como u:r:app1:s0, e uma série de regras podem ser definidas para este domínio:

sh
type app1
enforce app1
typeattribute app1 mlstrustedsubject
allow app1 * * *

Observe que a regra allow app1 * * * é usada apenas para fins de demonstração. Na prática, esta regra não deve ser utilizada extensivamente, pois não difere muito do Modo permissivo.

Escalação

Se a configuração do Perfil root não estiver definida corretamente, poderá ocorrer um cenário de escalação. As restrições impostas pelo Perfil root poderão falhar involuntariamente.

Por exemplo, se você conceder permissão root a um usuário ADB shell (que é um caso comum) e, em seguida, conceder permissão root a um app normal, mas configurar seu Perfil root com UID 2000 (que é o UID do usuário ADB shell), o app pode obter acesso root completo executando o comando su duas vezes:

  1. A primeira execução su está sujeita à aplicação do Perfil do Aplicativo e mudará para UID 2000 (ADB shell) em vez de 0 (root).
  2. A segunda execução su, como o UID é 2000 e você concedeu acesso root ao UID 2000 (ADB shell) na configuração, o app obterá privilégios root completo.

OBSERVAÇÃO

Este comportamento é totalmente esperado e não é um bug. Portanto, recomendamos o seguinte:

Se você realmente precisa conceder privilégios root ao ADB (por exemplo, como desenvolvedor), não é aconselhável alterar o UID para 2000 ao configurar o Perfil root. Usar 1000 (system) seria uma melhor escolha.

Perfil não root

Desmontar módulos

O KernelSU fornece um mecanismo sem sistema para modificar partições do sistema, obtido através da montagem de OverlayFS. No entanto, alguns apps podem ser sensíveis a esse comportamento. Assim, podemos descarregar módulos montados nesses apps configurando a opção "Desmontar módulos".

Além disso, a interface de configurações do gerenciador do KernelSU fornece uma opção para "Desmontar módulos por padrão". Por padrão, essa opção está ativada, o que significa que o KernelSU ou alguns módulos descarregarão módulos para este app, a menos que configurações adicionais sejam aplicadas. Se você não preferir esta configuração ou se ela afetar determinados apps, você terá as seguintes opções:

  1. Mantenha a opção "Desmontar módulos por padrão" e desative individualmente a opção "Desmontar módulos" no Perfil do Aplicativo para apps que exigem carregamento do módulo (agindo como uma "lista de permissões").
  2. Desative a opção "Desmontar módulos por padrão" e ative individualmente a opção "Desmontar módulos" no Perfil do Aplicativo para apps que exigem descarregamento do módulo (agindo como uma "lista negra").

INFORMAÇÕES

Em dispositivos que utilizam a versão do kernel 5.10 e superior, o kernel realiza qualquer ação adicional do descarregamento de módulos. No entanto, para dispositivos que executam versões do kernel abaixo de 5.10, essa opção é apenas uma opção de configuração e o próprio KernelSU não executa nenhuma ação. Se você quiser usar a opção "Desmontar módulos" em versões do kernel anteriores a 5.10 você precisa portar a função path_umount em fs/namespace.c, você pode obter mais informações no final da página Como integrar o KernelSU para kernels não GKI. Alguns módulos, como ZygiskNext, também podem usar essa opção para determinar se o descarregamento do módulo é necessário.

Lançado sob a Licença GPL3